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Tuga Magazine - Blog - Page 204

  • UMA NOVA FAMÍLIA

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    UMA NOVA FAMÍLIA

     

     

    Em cima à esquerda

    Foi depois dos acontecimentos de Maio de 1968. Não fomos muito bem aceites, porque éramos uma Associação de portugueses, com um Comité de portugueses.

    Os documentos da Associação foram entregues na “Prefecture”, seguiram para o tribunal e, em seguida, para o Ministério. Tudo isto durou um ano.

     

    Ao centro

    Fomos de passeio ao monte de Sainte-Odile, em 1968, éramos quase 900 pessoas, de toda a Alsácia. Era a primeira vez que os portugueses de uma região se encontravam.

    Ao centro, em baixo

    Pessoas da mesma aldeia de Portugal encontravam-se. Elas pensavam estar longe umas das outras e só estavam a 50 km de distância. Foi um dia maravilhoso de convivio.

     

    Em baixo, à esquerda

    Foi nesta altura que chegaram massivamente portugueses. Os recém-chegados não tinham alojamento. Pouco tempo depois arranjámos uma velha casa, na qual criámos um primeiro centro de acolhimento para os que chegavam.

     

    Título:A Amicale dos portugueses inaugurou o seu Centro.

     

    Em baixo, à direita

    Título:

    “O PORTUGUESES DE COLMAR ONTEM E HOJE”

    Mil dificuldades a resolver, antes de acolher a mulher e os filhos

     

    Nós vivíamos felizes no nosso Centro. Todos os dois meses organizávamos festas, mais para nos encontrarmos. Antes eu via os meus companheiros tristes. Quando se encontravam no nosso local, com um pouco de música portuguesa, ficávamos felizes.

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  • A VIDA EM COLMAR

     

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    A VIDA EM COLMAR

     

    À esquerda

    São mais de 2000 em Colmar.

    Os portugueses: seus problemas, seus projectos, suas actividades...

     

    Princípios de 1967

    432 portugueses em Colmar. Isolados. Sem família. 

    Romper o isolamento. Fazer uma nova família. É um pouco o que esteve na origem da criação da Amicale dos portugueses em Colmar.

    Jornal, Derniére Nouvelles da Alsacia, 25 Novembro 1971

     

    Ao meio, à esquerda

    Um dia um português colou na parede do nosso quarto um papel onde estava escrito: “Cantinho da Saudade”. Fiquei muito comovido; a minha casa era o canto da amizade, a casa de toda a gente. Era uma grande família.

     

    Ao meio, em cima

    Foi em 1964 que Manuel “desembarcou” clandestinamente em França, depois de uma viagem que durou um mês. Tinha 18 anos “fisicamente ainda éramos homens, psicologicamente já éramos seres humanos”. O comboio levou-o até Lião onde arranjou trabalho. “O inverno 1964-65 foi atroz, eu vivia em condições desumanas”. Ficou doente e teve de ser operado. “Durante um mês, ninguém me veio ver”. A primavera chegou e ele decidiu ir ao encontro do seu irmão em Colmar. “Estava farto de viver só, tinha medo... na fábrica onde trabalhava, em Lião, em sete meses nunca houve contactos entre mim e os operários ”. Em Colmar, “vivíamos 9 numa barraca... uns comiam às 7 horas, outros às 11 horas, porque era preciso esperar a sua vez”.

    Em Junho de 1966, ele parte para o Havre, para frequentar um estágio FPA (Formação Profissional Acelerada), depois trabalhou em Tours e em Estrasburgo. Em Novembro de 1967, voltou para Colmar.

     

    Cima, à direita

    Arranjei um pequeno quarto, numa velha casa onde vivia outro português.

    O meu quarto transformou-se rapidamente num centro de acolhimento.

     

    Ao centro, à direita

    Toda a gente vinha, para que eu escrevesse uma carta em francês ou para beber um copo; uns jogavam às cartas, outros ouviam música portuguesa. Ou, simplesmente, vinham para se encontrar entre amigos.

     

    Baixo, à direita

    No Natal de 1967, a paróquia de Saint-Martin em Colmar, organizou uma festa portuguesa. O padre contactou-me, fomos ver as famílias portuguesas.

    Foi uma grande festa, com quase 400 pessoas.

    Cantámos e comemos. Havia um ambiente de amizade.

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  • Quando vem a saudade

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    Quando vem a saudade, o fado estende-se em longos suspiros

    BLUES DOS ANOS 60

     

    À direita

    A IMPRENSA UNÂNIME

    -          É um período dramático para alguns. Perdendo a esperança, sofrendo o brutal desaparecimento dos entes queridos que ficaram em Portugal, muitos choram lágrimas sentidas diante dos seus camaradas e morrem de desejo de voltar ao país.

    Jornal “Derniéres Nouvelles dÀlsace”, 25 Novembro 1971

    -          Uma só voz sem revolta, nem queixa, nem desgosto. Um pouco cansado, quando as palavras que lhe vêm são francesas, com as lágrimas quase a cair quando se lhes fala dos filhos, mas juntos, diante de mim, eles os dois dizem: é a vida!

    Jornal Syndicalismo Hebdo, 1968

    -          Nesse pequeno lugar dos arredores, pequena capital do Portugal emigrado, o viajante encontrou, como os seus predecessores, a língua natal e os costumes nacionais. Um pouco de calor humano também lhe tornava menos triste e desenraizamento.

    Jornal Fígaro, 14 Janeiro 1968

    -          São rurais que não gostam da cidade e que reconstituem, nesta terra francesa, a aldeia ou a região de onde vêm. O longínquo Portugal renasce nessas “cortinas de pérolas” que decoram as suas portas, algumas flores, esse magro jovem que toca fados no acordeão, cercado de outros homens magros, vestidos de negro.

    Jornal “Les Echos”, 1 Outubro 1964

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  • UMA PERSONAGEM CURIOSA

     

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    UMA PERSONAGEM CURIOSA

    Texto à esquerda

    Eles são dóceis, disciplinados, tantas vezes zelosos, demasiado satisfeitos de serem tolerados.

    De qualquer forma haverá sempre a possibilidade de os mandar de volta, em vagões cheios, se por acaso a taxa de desenvolvimento baixar.

    “Eles nunca comprometem as perspectivas de emprego dos jovens franceses, escreve o Paris Press. Bem pelo contrário : graças a eles, a população francesa terá ainda mais empregos, mas empregos mais “nobres”.

    Jornal France-Observateur, 20 Agosto 1964

     

    Texto à direita

    Estamos fartos de conviver com esta população que enche de dia para dia os nossos autocarros e os nossos passeios (parece que há mais de 20 mil em Champigny-Coelhy, o que é mais de 1/5 da nossa população de que você está tão orgulhoso). Portugueses que são sujos, que cospem para o chão, que mijam sem pudor diante das nossas jovens, que não têm nenhuma educação, que são um atentado à higiene pública, que são fonte de constantes epidemias devido às condições miseráveis em que mais de ¾ deles vivem. E tudo isto para quê? Para enriquecer aqueles que os meus vizinhos e outros chamam os “negreiros”. Que os trazem clandestinamente e para enriquecer igualmente algumas “personalidades” da Câmara...

    Carta enviada ao Presidente da Câmara de Champigny Sur Marne, 24 Março 1965

     

    Banda Desenhada

    Um português faz cá um barulho!..

    É sujo!

    É perigoso!

    Cheira mal!

    Portugal, não deve ser um lindo país...

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  • O AMOR CADA VEZ MAIS LONGE

     

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    O AMOR CADA VEZ MAIS LONGE

     

    A Maria, por vezes, chega mais cedo a casa. O Eduardo dorme, mas ele ouve, acorda e sorri-lhe. Ela senta-se ao pé dele, beija-o, faz-lhe umas carícias, desejando, como ele, um momento de intimidade. Mas, na fria e inconfortável barraca onde habitam, onde o pequeno pode entrar a todo o momento, qualquer intimidade é impossível. 

    Aliás, os muros de madeira da barraca têm buracos e fendas por todo o lado, por onde espreitam os olhos gulosos dos adolescentes, da vizinhança (...) 

    Por vezes, o pequeno brinca lá fora. Eduardo está lá. Ela, desejando amar, fecha a porta devagarinho. Mas a criança põe-se logo a chorar e a bater à porta, e a vontade de fazer amor passa.

    Waldemar Monteiro

    “Des Immigrées Portugais Partent” 

    Edições Casterman

    A rapariga era esperta. Alguns dias depois da sua chegada a Champigny ela compreendeu que estavam todos necessitados. Um mês depois, ela já tinha o dinheiro necessário para alugar uma velha camioneta sem motor ao Sr. M. Oliveira e transformar a camioneta em bordel. Manda vir duas velhas amigas e o negócio floresce. 

    Vínhamos de muito longe para fazer-lhes “uma visita”. Sobretudo ao Domingo, era o fim do mundo (...). Elas eram bastante gentis, mais que as francesas e levavam mais barato.

    “A Salto” de Nita Climaco

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  • UM DOMINGO NO BAIRRO DE LATA

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    UM DOMINGO NO BAIRRO DE LATA 

    FOTOS DE UM ÁLBUM DE FAMÍLIA

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  • Para nós, toda verdade, é a verdade toda inteira

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    Para nós, toda verdade, é a verdade toda inteira. E primeiramente, a falência de uma ordem social que impõe uma vida abjecta e por vezes uma morte atroz aos trabalhadores recrutados no estrangeiro.”

    Jean-Paul Sartre / 27 de Maio de 1970

    Não é estranho que a imigração siga o mesmo caminho que o vergonhoso tráfico dos negros pois que sobre muitos aspectos existe uma semelhança. Depois de ter sido usada, considerada como o único remédio às nossas necessidades económicas e demográficas, a imigração transforma-se numa série de equações sem saída. Os males que ela secreta são incuráveis. Interesses e moral não são feitos para coabitar. Muitas queixas! Muitas injustiças! Muitos crimes!

    J.-Loup Dariel

    “O Tráfico dos pobres” / 1975

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  • UMA CURIOSA CAPITAL

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    UMA CURIOSA CAPITAL

     

    Desde a chegada massiva das famílias, a falta de estruturas de acolhimento é evidente. Milhares de famílias portuguesas amontoam-se nos "bairros de lata" da região parisiense.

    O problema dos "bairros de lata", torna-se para o boletim municipal de Champigny Sur Marne no “problema português” (Setembro 1964).

    No "bairro de lata" de Champigny, no Val-de-Marne (departamento), hà 700 Portugueses em 1961, três mil em 1962, para chegar aos dez mil dois anos depois – Champigny, “capital dos Portugueses em França” anunciam os jornais. Uma curiosa capital, construída por redes de entreajuda e solidariedade, mas também por compatriotas “mercadores de sono” e de cartas de trabalho que enganam e surripiam os recém chegados.

    Rapidamente, o "bairro de lata" tornar-se-á um centro de emprego à semelhança de um mercado de escravos, onde reinam grupos de autênticos bandidos.

    “As nossas camas parecem autênticos ninhos de cães...Estamos todos constipados e ficamos sem saúde. É o pior que se poderá encontrar... quatro homens em nove metros quadrados... isto é para animais...Mas não para homens. Gostaria que Salazar visse a miséria a que ele nos reduziu...Somos oito e pagamos 40 francos cada um.”

    “O proprietário tem várias barracas...Como com os porcos, ele mete-nos nas barracas... Nem nos quis comprar um cobertor e os jornais servem-nos de lençóis.”

    “ O melhor comércio é o das barracas e dos passadores...Há um que tem aqui o secretário, e vem todos os meses buscar o seu dinheiro.”

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  • PEDREIROS A VIVER EM BARRACAS

    PEDREIROS A VIVER EM BARRACAS

    Uma espécie de lixeira estende-se sobre vários hectares, mas descobre-se que esses materiais de recuperação vão servir de abrigo a milhares de seres humanos

    Jornal Le Monde

    Cruel ironia, esses trabalhadores são quase todos pedreiros e outros operários da construçãocivil.

    Jornal Humanité, 4 Agosto 1964

    Eles vivem a quatro, seis ou oito nesse lamaçal. Cada um paga, pelo menos, 4 francos de aluguer por mês. Não há esgotos, nem retretes...

    Jornal Humanité, 4 Agosto 1964

    Pelas portas entre-abertas podem ver-se as tarimbas, por vezes simples molhos de palha, onde dormem os ocupantes da barraca.

    Jornal Fígaro, 24 Abril 1964

    A água é rigorosamente utilizada, por vezes é preciso percorrer 1 km para fazer uma “bicha” interminável na única fonte pública do lugar...

    Jornal Fígaro, 24 Abril 1964

    Texto em baixo à esquerda

    É inadmissível que homens vindos trabalhar em França, onde têm um papel económico inegável, estejam a viver em condições que ultrapassam o entendimento! É? E no entanto...

    Jornal Fígaro, 24 Abril 1964

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  • OS ANOS DE LAMA

     

     

    OS ANOS DE LAMA

    (Em cima à direita)    

    “As autoridades francesas tornarão as disposições necessárias, para que os trabalhadores portugueses encontrem em França o melhor acolhimento”.

    Acordo Franco-português de 1963 artº 12

     

    (Em baixo)

    “A lama que cola às solas das botas. A cama gelada, as gotas de água que pingam do teto. O fogo que arde a barraca duma só vez.

    Sem ter água quando gela. Sem luz no quarto. Mulherzinhas de 15 anos, na solidão da barraca, sonham, ouvindo a canção”salut les copains”. Ao Domingo, os homens cansados de construir os HLM (alojamentos sociais), embebedam-se com cerveja e vinho. As mães que sonham com uma casa grande, com aquecimento central e luz por todo o lado.

    Passagem do filme “Os anos de Lama” 1987

     

    (Em baixo – Título)

    Atraídos por melhores salários

    Quase cem mil operários portugueses instalaram-se nos "bairros de lata" de Paris.

    Jornal Le Monde, 25 Abril 1964

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  • O ANO DE TODOS OS RECORDS 1970

     

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    1970

    O ANO DE TODOS OS RECORDS

     

     

    1970:

    135.000 portugueses entram em França.

    110.000 não têm documentos.

    47.000 são mulheres e crianças.

     

    “A emigração estrangeira atinge um novo record em 1970: 2 emigrantes em cada 5 são portugueses”.

    Jornal La Croix, 28 Março 1970

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  • IMPORTAÇÃO/EXPORTAÇÃO DE

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    IMPORTAÇÃO/EXPORTAÇÃO DE 

    MÃO-DE-OBRA

     

    Em cima

    No que diz respeito à economia da metrópole, os trabalhadores imigrantes são imortais. Imortais porque são continuamente adaptáveis: eles não nasceram, eles não foram criados, eles não envelhecem, eles não se cansam, eles não morrem.

    Eles têm uma função única: trabalhar!

    Todas as outras funções das suas vidas, são da responsabilidade do país de onde eles vêm...

    John Berger et Jean Mohr

    “O sétimo homem” – 1976

     

     

    Em baixo

    Imigração

    Um protocolo de acordo fixa em 65.000 por ano o número de portugueses autorizados a trabalhar em França.

     

    Em cima à esquerda

    Protocolo de acordo entre a França e Portugal sobre mão-de-obra

     

    Decreto-lei nº 71880 de 29 outubro 1971

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  • PORTUGUESES EM TROCA DE MILHÕES

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    PORTUGUESES EM TROCA DE MILHÕES
     

    (Cima à direita)

     

    “Só os portugueses dão a ganhar à França 1 milhar de francos por ano”. 

    Lucien Rioux, Jornal Nouvel Observateur, 29 Março 1971

    A expansão económica francesa desde 1950, exige um aumento acelerado da produçao. Em princípio, esta aceleração deveria ser o resultado da modernização das empresas. Mas os patrões franceses acharam essa solução muito cara. Assim, mobilizaram-se os braços.

    As reservas francesas (em baixo) são limitadas, mesmo contando com os “pieds noires” (retornados da Argélia) e com o aumento das ofertas de emprego.

    A importação de mão de obra argelina já não chega.

    A Itália do norte impede os sicilianos. A Catalunha e as Astúrias bloqueiam os andaluzes.

    Restam os gregos, os portugueses, os turcos e os jugoslavos.

    Claude Ferrillet, France – Observateur, 20 Agosto 1964

     

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