UMA CURIOSA CAPITAL
Desde a chegada massiva das famílias, a falta de estruturas de acolhimento é evidente. Milhares de famílias portuguesas amontoam-se nos "bairros de lata" da região parisiense.
O problema dos "bairros de lata", torna-se para o boletim municipal de Champigny Sur Marne no “problema português” (Setembro 1964).
No "bairro de lata" de Champigny, no Val-de-Marne (departamento), hà 700 Portugueses em 1961, três mil em 1962, para chegar aos dez mil dois anos depois – Champigny, “capital dos Portugueses em França” anunciam os jornais. Uma curiosa capital, construída por redes de entreajuda e solidariedade, mas também por compatriotas “mercadores de sono” e de cartas de trabalho que enganam e surripiam os recém chegados.
Rapidamente, o "bairro de lata" tornar-se-á um centro de emprego à semelhança de um mercado de escravos, onde reinam grupos de autênticos bandidos.
“As nossas camas parecem autênticos ninhos de cães...Estamos todos constipados e ficamos sem saúde. É o pior que se poderá encontrar... quatro homens em nove metros quadrados... isto é para animais...Mas não para homens. Gostaria que Salazar visse a miséria a que ele nos reduziu...Somos oito e pagamos 40 francos cada um.”
“O proprietário tem várias barracas...Como com os porcos, ele mete-nos nas barracas... Nem nos quis comprar um cobertor e os jornais servem-nos de lençóis.”
“ O melhor comércio é o das barracas e dos passadores...Há um que tem aqui o secretário, e vem todos os meses buscar o seu dinheiro.”