Um casal português e o filho bebé, de dois anos, morreram na madrugada de terça-feira quando as chamas tomaram a moradia que habitavam na região de Ile, Paris, onde estavam emigrados. João e Jaqueline Mariano, 42 e 43 anos, estavam a dormir quando foram surpreendidos pelo fogo – sem que tivessem tempo de se salvar ou ao filho Lucas. Duas filhas gémeas do casal, 18 anos, são as sobreviventes da família – escaparam ao inferno saltando para a rua pela janela do seu quarto, no primeiro andar.
A tragédia rapidamente chegou a casa dos pais de João Mariano, em Quiaios, Figueira da Foz, de onde o emigrante era natural e onde era esperado com a família para passar as férias de Verão. "Falávamos quase todos os dias ao telefone e ele estava ansioso para vir de férias, até me disse que tinham viagem marcada para 12 de Julho", contou ontem ao CM Rosa Mariano, irmã de João Mariano, revelando que a última vez que estiveram juntos foi durante as férias da Páscoa, em França.
João Mariano, técnico de informática, vivia em França desde os dois anos. Estava casado com Jaqueline de Sá Mariano, residindo numa moradia em Pavillon de Voulangis, Seine-et-Marne, na região francesa de Ile. O casal tinha um filho, Lucas, que completara dois anos em Janeiro e morreu no incêndio, e as duas gémeas de 18 anos. As meninas foram assistidas no Hospital de Meaux por terem inalado fumo e estarem muito perturbadas com a tragédia que destruiu a família.
"Não se sabe o que causou o incêndio, a polícia francesa está a investigar, só nos disseram que eles morreram asfixiados", contou Rosa Mariano, adiantando que a família está a viver "um momento muito difícil". "Éramos muito chegados e ele já tinha dito várias vezes que gostava de voltar para o seu País e agora acontece uma tragédia destas", desabafou a irmã de João Mariano. Os pais de João partiram para França assim que souberam da notícia para apoiar as duas netas.
DESCOBERTOS NAS OPERAÇÕES DE RESCALDO
O alerta para o violento incêndio chegou ao centro de socorros por volta das três horas da madrugada, tendo seguido de imediato para o local trinta bombeiros das corporações de Crécy-la-Chapelle, de Saint-Germain-sur-Morin, Meaux, Lagny-sur-Marne, Chessy e Faremoutiers. Quando chegaram, a casa estava tomada pelo fogo, que era "particularmente violento," e causava uma "radiação de calor importante", disse o comandante Brocard, dos bombeiros de Meaux, adiantando que os corpos do casal e do bebé de dois anos foram encontrados pelos elementos encarregues de inspeccionar a casa já depois de apagadas as chamas. "A presença de um detector de fumo teria permitido certamente aos ocupantes escapar ou pelo menos ganhar tempo sobre o incêndio", defendeu o comandante Brocard.
"AS LABAREDAS ENORMES SAÍAM PELAS JANELAS"
Foram os gritos das gémeas, Sophie e Sónia, que acordaram a vizinhança, quando já estavam na rua e suplicavam por socorro. "Acordo sempre às 03h00 e estava na cozinha a ver televisão quando ouvi gritos e percebi que alguém gritava o meu nome", contou a vizinha Regine, em declarações ao jornal ‘Parisien’, adiantando que ao abrir a janela viu uma das gémeas a pedir ajuda. Nessa altura já havia "labaredas enormes que saíam pela janela do quarto do rés-do-chão", referiu Regine, explicando que o marido tentou entrar em casa do casal com um extintor, mas apercebeu--se de que "não podia fazer nada".
PORMENORES
INVESTIGAÇÃO
O Ministério Público de Meaux nomeou um perito judicial para acompanhar investigação policial às causas do incêndio.
COMBATE DE 4 HORAS
Trinta bombeiros de várias corporações daquela região francesa combateram o incêndio durante quase quatro horas.
TIA ACOLHEU GÉMEAS
As duas irmãs de 18 anos foram acolhidas por uma tia que vive nas proximidade. Entretanto, chegarão os avós paternos, que vivem em Quiaios.
Info : correio da manha