No último ano duplicou o número de residentes que abandonaram o País, face ao valor obtido em 2006. Foram 26 800 os que saíram, quando em 2006 tinham emigrado 12 700.
Os dados do organismo de estatística europeu (Eurostat) revelam que 2,5 em cada mil habitantes procura melhores condições de vida no estrangeiro.
A explosão da emigração, na ordem dos 111%, indicada pelo Eurostat, expressa a mesma tendência de crescimento dos dados de um outro organismo internacional, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O relatório ‘Perspectivas sobre a Emigração’, publicado quarta-feira, indica um reforço da emigração portuguesa em cinco países da Europa (Espanha, Suíça, Luxemburgo, Holanda e Bélgica). A crise económica dita que os que saem escolhem países com um crescimento superior ao de Portugal e com escassez de mão-de-obra com alguma qualificação.
França, Reino Unido, Andorra e Angola são outros dos destinos de eleição da emigração portuguesa. Em Julho último, no país africano foi estimado em mais de 60 mil o número de portugueses. Em Maio de 2006, seriam 45 mil, segundo dados da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas.
O reforço da emigração integra não só portugueses, mas também estrangeiros que optam por voltar aos países de origem.
MIGRAÇÃO COM MUDANÇA PROFUNDA
"Portugal conhece desde a década de 90 uma nova realidade marcada por importantes emigrações e imigrações", defende Beatriz Rocha-Trindade. A autora de ‘Sociologia das Migrações’ explica que "ao mesmo tempo que chegam ao nosso país muitos imigrantes, também partem muitas pessoas". Esta nova realidade, comum a outros países como o Reino Unido e a Alemanha, foi até à década de 90 pouco conhecida no nosso país, marcado nos anos 60 e 70 por uma elevada emigração. Nos anos 80 a emigração caiu para valores baixos e Portugal conhecia uma nova realidade, de país de imigrantes perante o progresso registado. A crise económica veio, contudo, a relançar a emigração. Segundo o Eurostat, no saldo entre os que partem e os que ficam, o País obteve um acréscimo de 19 500 pessoas, na sua maioria provenientes do Brasil, Cabo Verde e Leste da Europa.
63 MIL VIVEM EM PORTUGAL E TRABALHAM FORA
São 63 300 os residentes em Portugal que trabalham no estrangeiro, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística do final do segundo trimestre deste ano. Espanha é o principal destino destes trabalhadores, que vivem junto da fronteira ou que aos fins-de-semana regressam a Portugal depois de uma semana a trabalhar na construção civil, agricultura, pesca ou restauração e hotelaria. É o valor mais alto desde 1998. Em 2005, o total de residentes a trabalhar no estrangeiro era de 27 500. Registou--se então um acréscimo de 130% desde esse ano. Os trabalhadores fronteiriços ou sazonais são abrangidos pelo sistema de Segurança Social do país onde trabalham.
CINCO PAÍSES
ESPANHA À FRENTE
18 700 portugueses chegaram em 2006, revela a OCDE.
MAIS NA SUÍÇA
Numa tendência de subida, entraram 12 500 portugueses.
SUBIDA NO LUXEMBURGO
Maior comunidade estrangeira recebeu 3800 portugueses.
COMUNIDADE NA BÉLGICA
Mais 2 mil portugueses em 2006.
REGISTO NA HOLANDA
Foram viver para este país 1400 portugueses em 2006.
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