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  • O AMOR CADA VEZ MAIS LONGE

     

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    O AMOR CADA VEZ MAIS LONGE

     

    A Maria, por vezes, chega mais cedo a casa. O Eduardo dorme, mas ele ouve, acorda e sorri-lhe. Ela senta-se ao pé dele, beija-o, faz-lhe umas carícias, desejando, como ele, um momento de intimidade. Mas, na fria e inconfortável barraca onde habitam, onde o pequeno pode entrar a todo o momento, qualquer intimidade é impossível. 

    Aliás, os muros de madeira da barraca têm buracos e fendas por todo o lado, por onde espreitam os olhos gulosos dos adolescentes, da vizinhança (...) 

    Por vezes, o pequeno brinca lá fora. Eduardo está lá. Ela, desejando amar, fecha a porta devagarinho. Mas a criança põe-se logo a chorar e a bater à porta, e a vontade de fazer amor passa.

    Waldemar Monteiro

    “Des Immigrées Portugais Partent” 

    Edições Casterman

    A rapariga era esperta. Alguns dias depois da sua chegada a Champigny ela compreendeu que estavam todos necessitados. Um mês depois, ela já tinha o dinheiro necessário para alugar uma velha camioneta sem motor ao Sr. M. Oliveira e transformar a camioneta em bordel. Manda vir duas velhas amigas e o negócio floresce. 

    Vínhamos de muito longe para fazer-lhes “uma visita”. Sobretudo ao Domingo, era o fim do mundo (...). Elas eram bastante gentis, mais que as francesas e levavam mais barato.

    “A Salto” de Nita Climaco

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  • UM DOMINGO NO BAIRRO DE LATA

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    UM DOMINGO NO BAIRRO DE LATA 

    FOTOS DE UM ÁLBUM DE FAMÍLIA

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  • Para nós, toda verdade, é a verdade toda inteira

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    Para nós, toda verdade, é a verdade toda inteira. E primeiramente, a falência de uma ordem social que impõe uma vida abjecta e por vezes uma morte atroz aos trabalhadores recrutados no estrangeiro.”

    Jean-Paul Sartre / 27 de Maio de 1970

    Não é estranho que a imigração siga o mesmo caminho que o vergonhoso tráfico dos negros pois que sobre muitos aspectos existe uma semelhança. Depois de ter sido usada, considerada como o único remédio às nossas necessidades económicas e demográficas, a imigração transforma-se numa série de equações sem saída. Os males que ela secreta são incuráveis. Interesses e moral não são feitos para coabitar. Muitas queixas! Muitas injustiças! Muitos crimes!

    J.-Loup Dariel

    “O Tráfico dos pobres” / 1975

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  • UMA CURIOSA CAPITAL

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    UMA CURIOSA CAPITAL

     

    Desde a chegada massiva das famílias, a falta de estruturas de acolhimento é evidente. Milhares de famílias portuguesas amontoam-se nos "bairros de lata" da região parisiense.

    O problema dos "bairros de lata", torna-se para o boletim municipal de Champigny Sur Marne no “problema português” (Setembro 1964).

    No "bairro de lata" de Champigny, no Val-de-Marne (departamento), hà 700 Portugueses em 1961, três mil em 1962, para chegar aos dez mil dois anos depois – Champigny, “capital dos Portugueses em França” anunciam os jornais. Uma curiosa capital, construída por redes de entreajuda e solidariedade, mas também por compatriotas “mercadores de sono” e de cartas de trabalho que enganam e surripiam os recém chegados.

    Rapidamente, o "bairro de lata" tornar-se-á um centro de emprego à semelhança de um mercado de escravos, onde reinam grupos de autênticos bandidos.

    “As nossas camas parecem autênticos ninhos de cães...Estamos todos constipados e ficamos sem saúde. É o pior que se poderá encontrar... quatro homens em nove metros quadrados... isto é para animais...Mas não para homens. Gostaria que Salazar visse a miséria a que ele nos reduziu...Somos oito e pagamos 40 francos cada um.”

    “O proprietário tem várias barracas...Como com os porcos, ele mete-nos nas barracas... Nem nos quis comprar um cobertor e os jornais servem-nos de lençóis.”

    “ O melhor comércio é o das barracas e dos passadores...Há um que tem aqui o secretário, e vem todos os meses buscar o seu dinheiro.”

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  • PEDREIROS A VIVER EM BARRACAS

    PEDREIROS A VIVER EM BARRACAS

    Uma espécie de lixeira estende-se sobre vários hectares, mas descobre-se que esses materiais de recuperação vão servir de abrigo a milhares de seres humanos

    Jornal Le Monde

    Cruel ironia, esses trabalhadores são quase todos pedreiros e outros operários da construçãocivil.

    Jornal Humanité, 4 Agosto 1964

    Eles vivem a quatro, seis ou oito nesse lamaçal. Cada um paga, pelo menos, 4 francos de aluguer por mês. Não há esgotos, nem retretes...

    Jornal Humanité, 4 Agosto 1964

    Pelas portas entre-abertas podem ver-se as tarimbas, por vezes simples molhos de palha, onde dormem os ocupantes da barraca.

    Jornal Fígaro, 24 Abril 1964

    A água é rigorosamente utilizada, por vezes é preciso percorrer 1 km para fazer uma “bicha” interminável na única fonte pública do lugar...

    Jornal Fígaro, 24 Abril 1964

    Texto em baixo à esquerda

    É inadmissível que homens vindos trabalhar em França, onde têm um papel económico inegável, estejam a viver em condições que ultrapassam o entendimento! É? E no entanto...

    Jornal Fígaro, 24 Abril 1964

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  • OS ANOS DE LAMA

     

     

    OS ANOS DE LAMA

    (Em cima à direita)    

    “As autoridades francesas tornarão as disposições necessárias, para que os trabalhadores portugueses encontrem em França o melhor acolhimento”.

    Acordo Franco-português de 1963 artº 12

     

    (Em baixo)

    “A lama que cola às solas das botas. A cama gelada, as gotas de água que pingam do teto. O fogo que arde a barraca duma só vez.

    Sem ter água quando gela. Sem luz no quarto. Mulherzinhas de 15 anos, na solidão da barraca, sonham, ouvindo a canção”salut les copains”. Ao Domingo, os homens cansados de construir os HLM (alojamentos sociais), embebedam-se com cerveja e vinho. As mães que sonham com uma casa grande, com aquecimento central e luz por todo o lado.

    Passagem do filme “Os anos de Lama” 1987

     

    (Em baixo – Título)

    Atraídos por melhores salários

    Quase cem mil operários portugueses instalaram-se nos "bairros de lata" de Paris.

    Jornal Le Monde, 25 Abril 1964

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  • O ANO DE TODOS OS RECORDS 1970

     

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    1970

    O ANO DE TODOS OS RECORDS

     

     

    1970:

    135.000 portugueses entram em França.

    110.000 não têm documentos.

    47.000 são mulheres e crianças.

     

    “A emigração estrangeira atinge um novo record em 1970: 2 emigrantes em cada 5 são portugueses”.

    Jornal La Croix, 28 Março 1970

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  • IMPORTAÇÃO/EXPORTAÇÃO DE

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    IMPORTAÇÃO/EXPORTAÇÃO DE 

    MÃO-DE-OBRA

     

    Em cima

    No que diz respeito à economia da metrópole, os trabalhadores imigrantes são imortais. Imortais porque são continuamente adaptáveis: eles não nasceram, eles não foram criados, eles não envelhecem, eles não se cansam, eles não morrem.

    Eles têm uma função única: trabalhar!

    Todas as outras funções das suas vidas, são da responsabilidade do país de onde eles vêm...

    John Berger et Jean Mohr

    “O sétimo homem” – 1976

     

     

    Em baixo

    Imigração

    Um protocolo de acordo fixa em 65.000 por ano o número de portugueses autorizados a trabalhar em França.

     

    Em cima à esquerda

    Protocolo de acordo entre a França e Portugal sobre mão-de-obra

     

    Decreto-lei nº 71880 de 29 outubro 1971

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  • PORTUGUESES EM TROCA DE MILHÕES

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    PORTUGUESES EM TROCA DE MILHÕES
     

    (Cima à direita)

     

    “Só os portugueses dão a ganhar à França 1 milhar de francos por ano”. 

    Lucien Rioux, Jornal Nouvel Observateur, 29 Março 1971

    A expansão económica francesa desde 1950, exige um aumento acelerado da produçao. Em princípio, esta aceleração deveria ser o resultado da modernização das empresas. Mas os patrões franceses acharam essa solução muito cara. Assim, mobilizaram-se os braços.

    As reservas francesas (em baixo) são limitadas, mesmo contando com os “pieds noires” (retornados da Argélia) e com o aumento das ofertas de emprego.

    A importação de mão de obra argelina já não chega.

    A Itália do norte impede os sicilianos. A Catalunha e as Astúrias bloqueiam os andaluzes.

    Restam os gregos, os portugueses, os turcos e os jugoslavos.

    Claude Ferrillet, France – Observateur, 20 Agosto 1964

     

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  • UM DOMINGO NO CAMPO

     

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    UM DOMINGO NO CAMPO

     

    Fotos de um Álbum de Família

    Diálogo

    -É verdade que um operário pode ter carro? Uma televisão para cada um? É verdade?

    -Sim, em parte é verdade...

    Ele ouvia...

    -É verdade que lá em baixo (em França), o trabalhador, o pedreiro, vivem melhor do que aqui, mesmo se a vida é mais cara

    -Isso é verdade...

    -É verdade que um pedreiro chega a ganhar mais de 4 contos por mês?

    ( O tempo para multiplicar por 0,17 francos e de chegar aos 700 francos )

    -Sim, claro!

    -Três vezes mais que aqui. Cinco vezes mais que na agricultura (pensa ele, sonhador).

    Um momento de silêncio e ele desatou a rir

    “Vocês vão ver que aqui não demora muito que não fique ninguém”.

    Jornal France Soir, 8 Abril 1965

     

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  • SÓ RESTAM SOMBRAS

    SÓ RESTAM SOMBRAS

     

     

    Em Cima à Esquerda (1)

    A nova vaga de emigração não poupou os centros urbanos que perderam de 20% a 25% da sua população activa. Certas vilas ou aldeias que foram, num passado recente, centros activos de apoio a regiões inteiras, quase desapareceram.

    Miranda do Douro, perto da fronteira espanhola, perdeu 73% da sua população.

    Revista Africasia – 10 de Janeiro 1972

    2 – A falta de operários agrícolas provocou um aumento dos salários, mas, ocasionalmente, também o abandono de numerosas explorações agrícolas. Só o trabalho das mulheres permitiu manter uma produção agrícola, destinada particularmente ao auto-consumo.

    São elas que nós vemos hoje nos campos.

    Jornal « Le Monde » - 28 Nov. 1970

     

    Em baixo (Poema)

     Os Homens abandonaram esta terra

    Eles não tinham mais nada a perder

    Eles não tinham mais nada a deixar

        Só restam sombras, sombras, sombras

                                            Manuel Alegre

     

     

    Título

    A SÉRIE NEGRA DOS PORTUGUESES

    Títulos de Imprensa com:acidentes, mortos, expulsões, vítimas de racismo, legislação para limitar a imigração, etc.

     

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  • O TRÁFICO DE BRANCOS

    O TRÁFICO DE BRANCOS

     

    (em cima à esquerda)

    Mais de 66% dos Portugueses que estão em França passaram as fronteiras clandestinamente.

    Os seus passaportes, são os da montanha, “a salto”. Atravessar a fronteira pelos montes, eis a salvação deles, sem carimbo da fronteira.

    Outros, que tentaram pedir um passaporte de emigrante, esperam seis meses, um ano, antes de terem uma resposta, que no fim é negativa. “Muito pobre, dizem-lhes, não podem ir para nenhum lado.

    Jean Erwan

    “Juri-Press”

    9 de Abril de 1970

    (em baixo à direita)

    Salvo-conduto atribuído aos “sem papeis” que chegam à fronteira desde 1968. A partir de 1971, com a circular Marcellin-Fontanet, este documento é obrigatório para a regularização.

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  • O SALTO

    O SALTO

     

    (em cima à esquerda)

    O Salto, filme realizado em 1967, por Christian de Challonges.

    Interpretes principais: Marco Pico, Antonio Passalia e Ludmilla Michaël, com a colaboração, em todos os outros papeis, de emigrantes portugueses, actores não profissionais. “Este filme é a prova de uma situação escandalosa: a imigração dos trabalhadores portugueses.”

    (Ch.de C;)

    (em cima à direita)

    O salto é um filme sobre o olhar surpreendido, divertido, por vezes superficialmente inquieto, que António tem de Paris. Olhar onde transparece o cansaço e a decepção das esperas, das recusas grosseiras, dos falhanços. Olhar que não nos julga e que por isso mesmo se torna ainda mais acusador.

    Jean-Luc Pouillade, “Témoignage Chrétien” 4 de Janeiro de 1968.

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  • A ROTA DA ESPERANÇA

    A ROTA DA ESPERANÇA

     

    “O Salto”. Eles transpõem “o grande passo”. Durante os últimos seis meses, todos os dias, eram cerca de trezentos que vinham juntar-se à colónia (portuguesa) em França, que conta já mais de quinhentas mil pessoas, e que decuplicou em dez anos, entre os quais 95% são “clandestinos”.

    “Quase todas as noites, em grupos de vinte ou trinta, transpunham a pé o rio Bidassoa, a montante de Biriatou.” Diz um habitante da região : estas expedições nocturnas revestiam-se de muitos perigos. No hospital de Bayonne, foram muitas vezes tratados portugueses, vítimas de quedas ou do frio da montanha. Alguns morreram durante a viagem. Alguns “passadores” aproveitavam-se da situação para espoliar  e saquear os clientes. Foi o caso de três portugueses, encontrados esganados e um outro chicoteado até à morte. Algumas sepulturas anónimas de cemitérios do País Basco espanhol, testemunham estas atrocidades: “mortos em fraude”...e a preço alto. Com efeito, há cinco anos, uma “passagem” custava em média 2000 Francos. Vários anos de economias.

    Francis CORNU

    Le Monde, 2 / 9 / 1970

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