A Key Plastics Portugal (KPP), fábrica de componentes para a indústria automóvel, dispensou 220 trabalhadores nas suas três unidades, disse o director-geral da empresa, Hermano Gouveia.
O processo, que começou a 12 de Outubro afectou as duas fábricas do concelho de Leiria (Gândara dos Olivais, freguesia de Marrazes, e Barosa) e a unidade de Vendas Novas. Com o ajustamento interno, dos 646 trabalhadores ficarão ao serviço 426, 360 nas duas unidades de Leiria e 66 no Alentejo.
Segundo o director-geral da empresa, esta decisão pretendeu “ajustar a capacidade à realidade da indústria automóvel". Hermano Gouveia admitiu ainda que, de forma a minimizar custos, a empresa está também a convidar os trabalhadores a gozarem férias do próximo ano. "Esta foi a forma de minimizar o número de despedimentos, ganhando desta forma tempo até que a situação se clarifique", acrescentou o responsável.
De acordo com Rui Filinto, presidente do Conselho de Administração, a Key Plastics tem “boa reputação” no mercado, uma “boa situação financeira” e irá “continuar a ser rentável”.
“Temos de nos ajustar ao contexto económico internacional e, com esta reformulação, estamos a ganhar clientes”, afirma o responsável, adiantando que durante o próximo ano irão desenvolver um “grande projecto”, prevendo-se que até ao final de 2010 os trabalhadores despedidos “sejam readmitidos”.
A KPP produz componentes plásticos para painéis de instrumentos, auto-rádios e climatizadores para o mercado internacional e para as marcas Ford, Renault, Opel, BMW, VW, Audi e Volvo.
A empresa estima este ano atingir 30 milhões de euros de facturação, um valor inferior a 2007, que se cifrou em 32 milhões de euros.
Sindicato preocupado
O Sindicato dos Trabalhadores a Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas (SINQUIFA) já se manifestou "preocupado" com a situação, que diz resultar da "crise" decorrente da "quebra na venda de automóveis".
O coordenador do SINQUIFA no distrito de Leiria, António Marcelino, confirmou a dispensa de trabalhadores, lembrando que "estão a sair os funcionários colocados nas unidades da Key Plastics Portugal por empresas de trabalho temporário ou com contratos a termo".
António Marcelino, ele próprio trabalhador da KPP, garantiu que a dispensa de funcionários afecta outras empresas do ramo automóvel de Leiria."Há outras fábricas que estão em dificuldade", alertou o sindicalista, admitindo que este ano já foram despedidas "mais 200 pessoas neste sector" na região.
O director-geral da KPP adiantou entretanto que a empresa prevê ir buscar os 220 trabalhadores agora dispensados a partir do final do primeiro trimestre de 2009, na sequência da transferência de produção de uma empresa alemã de componentes para automóveis que abriu falência.
"Há grandes possibilidades de transferência desse negócio para Portugal e tanto é que estamos a convidar todos esses trabalhadores que saíram para a nossa festa de Natal, na expectativa de que venham, novamente, a integrar a empresa", esclareceu o director-geral da KPP.
Iber-Oleff de pombal manda 70 para o desemprego
A empresa Iber-Oleff, empresa de componentes para o sector automóvel de Pombal, dispensou 70 trabalhadores nos últimos dois meses, na sequência de uma "redução brutal" nas encomendas, revelou à agência Lusa o presidente do conselho de administração.
Joaquim Menezes afirmou que os funcionários que saíram "já faziam parte do plano da empresa, porque os seus contratos implicavam isso", recordando, contudo, que ainda recentemente a Iber-Oleff "transformou em emprego efectivo um conjunto muito alargado de mão-de-obra temporária".
O empresário explicou que a indústria automóvel "tem altos e baixos", mas que "esta baixa não era expectável", acrescentando que "a empresa, até aqui, nunca teve máquinas paradas".
Por isso, o responsável disse aguardar com "uma expectativa positiva" a execução do plano de apoio ao sector automóvel, no valor de 900 milhões de euros, anunciado pelo Governo a 3 de Dezembro.
"As medidas do Governo revelam-se muito importantes", afirmou Joaquim Menezes, acrescentando: "Pode salvaguardar a existência destas empresas, assim como de investimento do ponto vista tecnológico".
A Iber-Oleff tem actualmente 400 trabalhadores, exportando 85 por cento da sua produção, que se destina, entre outras marcas, para a Volkswagen e Ford.
O responsável acrescentou que, de forma a minimizar custos, a empresa está também a convidar os trabalhadores a gozarem férias do próximo ano.
"Esta foi a forma de minimizar o número de despedimentos, ganhando desta forma tempo até que a situação se clarifique", explicou Hermano Gouveia.