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  • Fugir ao fascimo de Salazar - 20/10/1967

    FUGIR AO FASCISMO

     

    O governo português de Salazar representa uma das expressões mais retrogadas dos regimes fascistas, pela supressão de todas as liberdades democráticas (liberdade de associação, de informação, de opinião).

    Os partidos são proibidos, exceptuando o partido governamental. 

    O sindicato único (caricatura de um sindicalismo democrático) é controlado directamente pelo governo

    As greves são proibidas e relevam de legislação criminal.

    Os escritores são submetidos a uma censura minuciosa, as suas associações dissolvidas, e muitos deles são presos por delito de opinião.

    Portugal é o povo mais sub-desenvolvido da Europa. A grande maioria do povo vive na miséria. 40% dos portugueses são analfabetos.

    Largas camadas da população portuguesa são cada vez mais hostis à continuação dessa guerra impiedosa em Angola, Moçambique, Guiné e Cabo Verde. O serviço militar dura pelo menos 4 anos, e os jovens que recusam a guerra são cada vez mais numerosos, para não se transformarem em torturados, como eles dizem.

    Os estudantes, futuros oficiais, não querem aceitar responsabilidades nessas guerras.

    Para tentar vencer a oposição, cada vez mais forte, o governo de Salazar apoia-se na polícia política (PIDE), constituída com a ajuda e no modelo da Gestapo de Hitler, verdadeiro poder de opressão que substitui os tribunais em todos os casos de delitos políticos.

    Os agentes da PIDE torturam os presos e alguns não resistem aos longos interrogatórios de que são vítimas.

    A aplicação de medidas de “segurança” permite à polícia de “garder à vue” (quer dizer, prisão sem culpa formada), um “suspeito” durante seis meses.

    Após o julgamento e a sua condenação expirar, os prisioneiros políticos, considerados perigosos para o Estado, podiam ser encarcerados longos anos. Desta maneira, a condenação, mesmo mínima, podia-se transformar em prisão perpétua.

    O governo português isolava-se cada vez mais do seu povo e no plano internacional ainda encontra apoios e encorajamento.

     

    Hélène Scob /Cimade)

    20 de Outubro de 1967

    “Relatórios sobre os refugiados portugueses”

     

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