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Salão Erótico: Fenómeno de troca de casais em crescimento acentuado

Mil casais passaram pela área swinger do Salão Erótico durante os três dias do evento que ontem terminou. "Só no sábado recebemos 400 casais e nos três dias cerca de mil. É um fenómeno a crescer muito em Portugal. Estive cá há dois anos e as coisas evoluíram muito", revelou ao CM o espanhol Pepe Cera, director da revista ‘Gente Libre’, que este ano explorou o espaço dedicado à troca de casais no salão de Lisboa.

O espaço tem um bar, uma cama de dossel ao centro e oito mesas à volta. A entrada custava dois euros por casal. 'Existe muita curiosidade em relação ao swing', confirma ao CM a sexóloga Vânia Beliz, que deu consultas no Salão Erótico e ficou impressionada com as 'filas enormes' para entrar na área swinger. 'Não é bem como um bar, porque no Salão Erótico há mais coisas para ver e as pessoas ficam menos tempo. Mas vi muita gente a conhecer-se e a trocar contactos', disse Pepe Cera.

Ontem, no último dia do Salão, a afluência do público foi grande. A zona dedicada ao sadomasoquismo teve muitos curiosos a verem o tratamento a que um homem de meia--idade era sujeito no palco. E enquanto nos palcos de strip todos queriam estar o mais perto possível da acção, no de sadomasoquismo os visitantes ficavam a uma respeitável distância.

A organização tinha estipulado como objectivo atingir os 20 mil visitantes, mas a marca foi ultrapassada. 'O balanço é muito positivo', disse ao CM o coordenador do salão, Pepe Vottero, reconhecendo contudo que 'devido à crise a oferta de conteúdos foi mais curta, em especial a nível de sex-shops'. Vottero garante que o Salão Erótico 'regressa em 2010 com mais conteúdos e variedade'.

DILDOS DE VIDRO ESTÃO NA MODA

'Vibradores, óleos e lubrificantes foi o que vendemos mais', disse ao CM Maria Luz, de 53 anos, proprietária da sex shop portuense Casa d’Eros, que tem sempre stand noSalão Erótico, embora desta vez mais pequeno 'por causa da crise'. Este ano estão na moda os dildos de vidro. Alguns podem pôr-se no microondas ou no congelador para aquecer ou arrefecer. 'Os dildos de vidro têm uma textura diferente,são bonitos e higiénicos. É uma nova tendência', disse Maria Luz.

DEPOIMENTOS

'É a primeira vez que venho, e estou a divertir-me bastante. Vim mais pelo erotismo do que pela pornografia.A minha namorada não veio porque não está cá, mas sabe queeu vim ao Salão.': Carlos Neves 23 anos, Almada

'Vim de propósito do Algarve para ver o Salão Erótico pela primeira vez. Estou a achar interessante. É um espaço agradável, nada hardcore, onde vale a pena vir. Do que gostei mais foi do stand do bar Cats.': Paulo Rodrigues 29 anos, Faro

'Gosto muito deste universo. Um show lésbico ou um strip é dança, sedução, arte... O Salão Erótico fez evoluir muito a mentalidade dos portugueses, que já vão vendo estas manifestações como normais.': Nuno Gago 29 anos, Faro

DISCURSO DIRECTO

'ANDAM TODOS À PROCURA DO ORGASMO PERFEITO': VÂNIA BELIZ, SEXÓLOGA

Correio da Manhã – Houve muita gente a recorrer ao seu consultório no salão erótico?

Vânia Beliz – Sim, muita gente, principalmente casais, pessoas que vêm à procura de quebrar a rotina. Há também muitos casais curiosos em relação ao swing, a experiências com outras pessoas.

– Há quem a consulte só para obter informação?

– Sim. Muitos compram produtos nas sex-shops que há no salão e vêm aqui aconselhar-se. Por exemplo, uma senhora quis saber como funciona o preservativo feminino.

– De que se queixam mais os homens?

– Estão muito preocupados com a ejaculação rápida, querem dicas para prolongar a erecção e queixam-se da falta de desejo sexual das mulheres. Hoje há uma pressão muito grande sobre os homens, as mulheres estão muito exigentes. Tenho pacientes de 30 anos a usar viagra.

– E as mulheres?

– Queixam-se de falta de desejo sexual e da dificuldade em ter orgasmos. O timing das mulheres é muito diferente do dos homens. O problema é que as pessoas andam todas à procura do orgasmo perfeito e exploram-se pouco.

– Que conselhos dá?

– Temos de investir mais na fantasia e nos preliminares. Eu acho que fantasiamos pouco, o nosso imaginário erótico é muito pobre. Os casais banalizam o sexo como um acto mecânico.

– Isso acontece mais nos casais com filhos?

– Sim. Um bebé muda a vida de um casal e muitos não estão preparados. É frequente os homens dizerem que a mulher nunca mais teve desejo depois de nascer o bebé.

– A crise económica afectou a vida sexual das pessoas?

– Sim, a crise também já chegou à cama e muitas vezes os problemas que gera funcionam como uma autêntica machadada no desejo sexual.

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