A triste notícia chegou-me hoje, com a edição do passado dia 10, anunciando na sua primeira página "Suspensa a publicação de A COMARCA".
O director Jorge Moreira da Costa Pereira, começa o Editorial com as seguintes palavras:
"A COMARCA suspende a sua publicação a partir do presente número, informação esta de tremenda responsabilidade visto que, ininterruptamente, se vinha publicando desde 1 de Janeiro de 1901."
"Desde a impossibilidade de recursoi ao crédito, aos cortes de comunicaçõesv telefónicas, de fax, de Internet, tudo nos tem sido feito e parta cúmulo nunca niunguém apareceu como negligente ou culpado. Também os CTT nos recusaram o envio de umna emissão dop jornal, porque, unilateralmente e sem qualquer aviso prévio, declinaram o contrato existente. E não havia pagamentos em atraso!
Assim não é possível resistir. Infelizmente parece ser o País que temos..."
Num extenso esclarecimento, a gerência refere os problemas que levaram à presente situação, como a "brutal diminuição do benefício do porte pago para o envio do jornal, especialmente para o estrangeiro", o aumento dos custos de produção, os salários ao pessoal, que recusaram uma inevitável redução do seu quadro, o facto de a Câmara de Arganil "ter deixado de recorrer aos serviços da empresa", a recusa do pessoal face a uma cedência da parte gráfica para constituirem uma empresa, a redução intempestiva do pessoal em Agosto de 2008 em número superior ao pretendido pela empresa, a falta de pagamento de assinantes e anunciantes. Tudo isto levou ao actual desfecho.
O director termina o seu Editorial com uma palavra de velada esperança: "Despedimo-nos até...esperamos que relativamente breve."
A situação de "A Comarca de Arganil" não é única. A Imprensa Regional não tem resistido, em muitos casos, a falta de protecção do Estado. Os Governos, na generalidade, têm olhado os jornais regionais como "inimigos" dada a sua liberdade na crítica, nem sempre agradável "temendo" uma hipotética manipulação do eleitorado.
O "porte pago" foi um dos golpes mais certeiros e a ele se aliaram as quebras nas receitas da publicidade, consequência da crise, o mesmo acontecendo com a falta de pagamento das empresas e de muitos assinantes.
O facto mais doloroso é o fecho do jornal, após 109 anos de publicação.
Ruy Miguel