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Burlona deixa noivo no altar

burlona.jpgOs amigos de Paulo, o noivo abandonado no altar há quase sete anos, na Batalha, nem queriam acreditar quando nos últimos dias viram a foto de Paula Neves no CM. A mulher, de 38 anos, suspeita de ter drogado dezenas de pessoas para as roubar, é a mesma que, em Maio de 2002, deixou o jovem de Pombal à porta da Igreja do Mosteiro da Batalha no dia do casamento.

Os dotes oratórios da burlona foram tão convincentes que, numa primeira fase, o noivo jurou que a sua amada tinha sido raptada. Mais tarde, perante as evidências, percebeu o logro em que tinha caído. Mas já não foi a tempo de evitar um prejuízo superior a 150 mil euros. Além das despesas com a festa para 350 convidados, Paulo ficou sem objectos e dinheiro que Paula Neves lhe extorquiu durante o namoro.

Usando e abusando da sedução, a burlona conseguiu conquistar os pais do noivo, ao ponto de lhe emprestarem uma casa para viver e dinheiro para fazer face a despesas correntes. "Passou sempre a imagem de uma pessoa abastada e parecia uma noiva feliz", testemunhou, na altura, a dona do espaço para onde foi marcada a boda. Na véspera do casamento, até deu indicações sobre a decoração a usar. Porém, no dia do casamento não apareceu. Nem ela, nem nenhum dos 200 convidados que dizia ter da sua parte.

Onze dias depois, foi apanhada em Lisboa, pela PSP. Ouvida no Tribunal de Pombal, saiu em liberdade com termo de identidade e residência. Tendo em conta as suspeitas que recaíam sobre a mulher por outras burlas semelhantes, a medida de coacção causou indignação no meio policial.

Os receios não eram infundados. O processo em Pombal foi arquivado, segundo disse ontem o noivo ao CM, e Paula Neves, prostituta, continuou a fazer das burlas o seu modo de vida. Uma das suas últimas vítimas continua internada em estado grave no Hospital de Viseu.

ESTÁ A AJUDAR A POLÍCIA NAS INVESTIGAÇÕES

Paula Neves apresentou-se ontem, ao fim da tarde, na PSP de Viseu para ajudar a esclarecer as dúvidas na investigação aos casos em que seduziu pela internet três homens, que depois drogou e roubou, deixando-os amnésicos. Dois deles já recuperaram a memória, mas um continua em estado grave. A burlona deslocou-se com agentes da PSP ao Hospital de São Teotónio, onde está internada a vítima, para tentar identificá-la.

Em seguida, iria com a polícia à região de Aveiro, para recuperar uma pistola que terá furtado a uma das vítimas. Paula Neves foi de Lisboa para Viseu de autocarro e dirigiu-se de imediato à esquadra da PSP. Manifestou-se "arrependida" e, por não haver flagrante delito e por se ter entregado de livre vontade, deveria regressar à capital ontem à noite.

FAMILIARES COM "MEDO DE QUE PAULA REGRESSE"

As notícias sobre Paula Neves estão a assustar os familiares e antigos vizinhos do bairro da Fonte Santa, em Lisboa. "Até tenho medo que ela volte a aparecer aqui", contou ao CM uma prima, que, "por temer uma vingança", não quer ver o seu nome nos jornais. "Já não a vemos há mais de 11 anos, desde que ela se separou do meu primo. Foi-se embora e deixou os quatro filhos. Sempre soube que não era boa rês. Ainda me lembro de ela me roubar cheques e depois eu ter de ir ao banco e ao tribunal por causa disso. Isto para lá do ouro dos meus filhos que roubou. É uma mulher cativante e bonita, mas é um perigo", diz.

PORMENORES

CINCO FILHOS

Paula teve cinco filhos. O primeiro, de pai incógnito, foi dado para adopção. Os outros quatro têm entre 15 e 20 anos. Vivem com o pai em Lisboa.

DESAPARECIMENTOS

Nos seis anos que viveu com o pai dos seus filhos, Paula "desaparecia durante períodos de cinco ou seis meses. Depois voltava como se nada fosse", conta uma prima.

PASSADO DIFÍCIL

Paula e a irmã foram criadas num lar da Misericórdia. A mãe também era prostituta.

Correio da manha

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