Camionista mata a olhar para PC
A primeira sessão do julgamento do camionista português Paulo da Silva – acusado de ter morto uma família de seis num brutal acidente de viação – ficou ontem marcada pela declaração do procurador Andrew Thomas, responsável pela acusação, que diz que este estava a olhar para um computador portátil quando chocou com a carrinha que estava parada numa fila da auto-estrada M6, no norte de Inglaterra.
A colisão resultou na morte de uma família de seis pessoas, um casal galês e os seus quatro filhos menores, que seguiam numa carrinha. Esta foi abalroada pelo camião de Paulo Silva, chocou com outro pesado e pegou fogo, em Outubro passado.
Logo após o acidente, a polícia encontrou o computador na cabina do camião – estava ligado e com o ecrã virado para o condutor.
Paulo da Silva – que está em prisão preventiva em Inglaterra desde a altura do acidente– nega esta versão e diz-se inocente das 12 acusações pelas quais responde no tribunal de Chester: seis por ter causado outras tantas mortes, outras seis por condução negligente e por ter praticado condução perigosa.
O procurador Andrew Thomas referiu ainda que Paulo da Silva, de 46 anos e residente em Múrcia, Espanha, tinha todas as condições para evitar o choque: "Se ele estivesse a olhar teria visto que havia uma fila de trânsito. Estava numa recta com mais de uma milha [1,6 km]". Para a acusação, só o facto de o camionista estar a olhar para o computador explica a colisão com a carrinha onde seguiam David, Michelle Statham e os filhos. O caso de Paulo Silva vai ser apreciado por um júri de 12 elementos.