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Tragédia: Continua por encontrar o corpo de tripulante Dor no regresso a casa

foz.jpegSérgio Silva, 29 anos – um dos quatro portugueses sobreviventes do trágico naufrágio do ‘Rosamar’, que matou quatro portugueses (um corpo está por resgatar) e quatro indonésios (todos por encontrar) – não quer voltar ao mar. A decisão, confidenciada ontem ao CM por um tio, foi tomada pelo jovem tripulante do barco de arrastão, que andava à faina do carapau, após ter visto o seu padrinho ser engolido pelas águas a 27 milhas da costa norte da Galiza. Mário Castanho, 53 anos, conhecido por ‘Nazareno’, era o mestre da embarcação. O sobrinho entrou na balsa de salvação. O tio não abandonou o navio.

Por encontrar continuava ao final da tarde de ontem, altura em que as buscas foram suspensas, o mestre de redes Anselmo Silva, 50 anos, de Leça da Palmeira.

O corpo de ‘Nazareno’ foi recolhido horas depois do naufrágio pela guarda marítima espanhola. Ao longo do dia de ontem, esteve a ser velado pela família na Funerária da Foz, em Burela. Os cadáveres de José Silva, 52 anos, natural de Caxinas, Vila do Conde, e de José Tomé, 52 anos, da Figueira da Foz, estavam noutras duas urnas, instaladas numa só sala da capela, onde as famílias chegaram logo pela manhã. O coro de choro inconsolável, em lamentos sentidos, era audível no exterior.

As feridas que os pescadores ostentavam na face deixavam adivinhar que terão andado à deriva e embatido em rochedos ou destroços do navio. Estrela Tomé, viúva de José Tomé, o maquinista do barco, não escondia a revolta. 'Deus falhou perante todos eles. Sou católica, mas nem consigo rezar', desabafou, tentando conter o choro, em soluços, lembrando que só teve a confirmação da morte em Espanha. 'O meu coração bem me dizia que tinha acontecido o pior.'

OUVIDOS PELA POLÍCIA LOCAL

Enquanto as famílias aguardavam autorização para levar os corpos para Portugal, os sobreviventes foram ouvidos pelas autoridades espanholas: de manhã pela polícia e durante a tarde por um juiz local. Por indicações das autoridades, estavam proibidos de falar à Comunicação Social. Ao grupo de sobreviventes, em Foz, juntou-se ao início da tarde Luís Almeida, da Murtosa, que ontem completava 38 anos – foi o único sobrevivente a passar a noite no hospital da Corunha 'por ter os pulmões com água', explicou o armador da embarcação.

De acordo com o jornal ‘La Voz de Galicia’, os sobreviventes disseram na capitania de Burela que um dos aparelhos de pesca ficou preso no fundo do mar, funcionando como uma âncora que deixou o ‘Rosamar’ exposto às vagas de seis metros, que viraram o arrastão.

MUITOS CONTACTOS

Ontem, as autoridades portuguesas travaram uma autêntica batalha contra a burocracia, agravada por ser feriado em Espanha. Só depois de muitos telefonemas dos presidentes das juntas de Matosinhos e de Vila do Conde a entrega dos corpos foi possível.

FUNERAIS AMANHÃ

Os funerais dos pescadores são amanhã. José Silva vai a enterrar pelas 15h30 em Vila do Conde e Mário Silva às 16h00 em Matosinhos. O funeral de José Tomé, da Figueira da Foz, também será amanhã.

ÚLTIMO ADEUS EMOCIONADO

O armador chorava como uma criança. Agarrado às famílias dos pescadores que perderam a vida no mar, o espanhol Xesus Pita era ontem uma das mais fortes imagens de dor, depois do naufrágio em Espanha do ‘Rosamar’, o barco que transportava oito portugueses e cinco indonésios, e que roubou a vida a oito pessoas (quatro portugueses e quatro indonésios). Ao seu lado, a mulher de José Silva, das Caxinas, também não calava a emoção. Agarrada à carrinha, já na estrada, onde seguia o caixão, a viúva gritava de forma descontrolada.

Pouco passava das 18h15 horas em Portugal, quando os corpos foram levados para Lugo, onde foram embalsamados. Os cadáveres saíram de Espanha em direcção a Portugal pelas 21h50. A chegada dos corpos a Matosinhos, Vila do Conde e Figueira da Foz estava prevista para a madrugada de hoje. Os sobreviventes acompanharam o cortejo fúnebre.

Correio da manha

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