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“Amigo, não me deixes morrer aqui”

Loures: Colisão entre pesados na Auto-Estrada do Norte

SIM.jpeg"Vi um senhor a correr, a dizer que o homem ia morrer queimado. A reacção que tive foi tirar o casaco e ajudar. Era o condutor da cisterna, porque o do reboque, que ainda está aqui atrás de mim, morreu logo. Dentro do fogo do gasóleo, arrastei-o cá para fora, apaguei--lhe as chamas, despi-o, o que ainda restava das roupas: a parte do cinto ou as botas. Ao arrastá-lo, ele pedia-me para não o deixar ali no fogo." José Fernando Pereira salvou o camionista da cisterna que ontem chocou violentamente num reboque que estava parado na berma da A1, em Loures, provocando a morte do condutor do reboque.

José ia a passar no terreno para onde caiu a cisterna após o embate, na localidade de Casal do Freixo, em Santa Iria da Azóia, quando conseguiu socorrer o camionista. Afastou--o o mais que pôde das chamas, mas a vítima continuava a implorar-lhe: 'Amigo, afasta-me daqui! Amigo, não me deixes morrer!' José tentou acalmá-lo a todo o custo e abstrair-se do horror: 'Tinha os pés queimados e as mãos já todas encarquilhadas.'

O camionista da cisterna, António Baptista, tem queimaduras em cerca de 80 por cento do corpo e graves lesões nas vias respiratórias. Foi transportado para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde deu entrada às 11h27 e ficou internado no Serviço de Observação. À hora de fecho desta edição continuava com prognóstico muito reservado.

António tem 48 anos. Reside em Caneças e estava a trabalhar há mais de sete horas quando sofreu o acidente. 'Tinha carregado a cisterna, pelas 08h30, com combustível para helicópteros (jet), em Aveiras, na Companhia Logística de Combustíveis', adiantou pouco depois ao Correio da Manhã Paulo Serpa, da transportadora de combustíveis Tiel.

O acidente, despiste da cisterna seguido de colisão com o reboque que capotou, ocorreu às 09h28, no sentido Norte/Sul, ao quilómetro 9 da A1. A cisterna embateu violentamente no reboque de Virgílio, que na altura do embate se encontrava fora da viatura. Virgílio, cerca de 60 anos, foi atropelado pela cisterna. O corpo foi projectado até ao marcador do quilómetro 9, onde morreu na sequência de um traumatismo crânio-encefálico.

A1 CORTADA ENTRE ALVERCA E LISBOA

As seis faixas de rodagem da Auto-Estrada do Norte (A1) foram cortadas à circulação entre Alverca e Lisboa, cerca de 20 quilómetros, em ambos os sentidos. As autoridades temiam que a cisterna explodisse. O trânsito foi desviado em Alverca para a CREL e em Lisboa para o IC2 e para a A8. Só duas horas depois a BT abriu uma faixa, no sentido norte/sul.Às 11h43 também uma no sentido sul/norte. Pelas 12h30 foi retomada a circulação para o Norte e reaberta mais uma faixa para Lisboa.

65 BOMBEIROS DE SETE CORPORAÇÕES

Foi Elísio Oliveira, comandante distrital da Protecção Civil, quem dirigiu as operações. Com ele estiveram sete corpos de bombeiros – Alverca, Alhandra, Póvoa de Santa Iria, Sacavém, Camarate, Lourinhã, Alcoentre e o Regimento de Sapadores de Lisboa (com o veículo de Protecção Multi-riscos Especiais) – num total de 65 homens, auxiliados por 23 viaturas. Estiveram também no local elementos das câmaras de Loures e de Vila Franca de Xira, militares da GNR e da Brigada de Trânsito e agentes da PSP.

MENOS MORTOS MAIS FERIDOS

Só neste mês o CM noticiou quatro acidentes de viação que envolveram pesados. Um deles, na A12 (Montijo), provocou três mortos. Estes dados não estão ainda contemplados nos números da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, através dos quais se conclui que entre Janeiro e Julho se registaram menos mortos mas mais feridos graves em acidentes com pesados: oito mortos contra 13 no ano passado e 25 feridos graves contra 22 em 2007.

'NÃO HÁ PERIGO PARA A POPULAÇÃO'

'Não há qualquer perigo para a população em consumir água das torneiras', garantiu ontem Dalila Rodrigues, governadora civil de Lisboa, depois de ouvir os responsáveis pela Protecção Civil e saber que algum do combustível derramado tinha ido parar aos colectores das águas pluviais.

'É normal que durante o dia de hoje [ontem] a população sinta algum cheiro a combustível', salientou no entanto ao CM o comandante distrital da Protecção Civil, Elísio Oliveira, adiantando que foi criada uma bacia de retenção para recolher o combustível derramado.

As operações de limpeza estiveram a cargo dos Serviços Municipalizados de Loures que contrataram viaturas – com capacidade para 25 mil litros cada – para aspirar o combustível derramado e, assim, impedir que o líquido se misturasse com as águas residuais e chegasse ao Tejo. Todavia, Elísio Oliveira adiantou que as autoridades marítimas já tinham sido alertadas para essa eventualidade.

A empresa contratada pela Câmara de Loures foi a Ambipombal - Recolha de Resíduos Industriais, que ao início da noite ainda continuava no local, assim como os bombeiros de Sacavém e da Póvoa, com duas viaturas e sete homens.

PORMENORES

REBOQUE DA PÓVOA

Fonte da GNR adiantou ao ‘CM’ que o reboque era do condutor – não pertencia a nenhuma empresa. O condutor, Vírgilio, residia na Povoa de Santa Iria. O corpo foi transportado para a morgue do Hospital de Vila Franca de Xira.

DUAS TESTEMUNHAS

O acidente está a ser investigado pelo Núcleo de InvestigaçãoCriminal da Brigada de Trânsito do Carregado, que ouviu ontem o condutor de uma viatura – que terá assistido ao acidente, pois viajava alguns metros atrás da cisterna quando se deu o embate – e também José Pereira.

NOTAS

CISTERNA: 32 MIL LITROS

A cisterna transportava cerca de 32 mil litros de combustível para helicópteros (jet). Carregada emAveiras, tinha como destino o Aeroportode Lisboa

TIEL: DOIS ALERTAS SEGUIDOS

Responsável da transportadora Tiel foram alertados para o acidente por dois telefonemas, pelas 09h30. Um condutor e um popular tiraramo número de telefone da traseira da cisterna

EMPRESA: MATÉRIAS PERIGOSAS

A Tiel é uma das maiores empresas em Portugal a operar no sub-sector do transporte de matérias consideradas perigosas. Transporta sobretudo combustíveis

Correio da manha

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