O cidadão francês acusado de matar o empresário António Figueira, presidente do Grupo Os Mosqueteiros, em Portugal, vai tentar negociar a extradição com as autoridades portuguesas, desde que o deixem cumprir a pena que vier a ser condenado no seu país de origem.
Marc Lastavel está disposto a aceitar a extradição para ser julgado em Portugal, mas em troca exige que lhe seja autorizado o cumprimento de uma eventual pena nas cadeias francesas, disse o seu advogado de defesa, Antonin Le Corno.
Segundo um jurista contactado pelo CM, a possibilidade de negociação com as autoridades portuguesas 'é pouco provável', mas a autorização para cumprimento da pena no país de origem do condenado 'é possível'.
'Basta que seja requerida ao abrigo do quadro de cooperação internacional de extradição e aceite pelas autoridades judiciárias portuguesas', explicou o jurista.
Em declarações ao jornal francês ‘Sud Ouest’,o defensor oficioso de Marc Lastavel alega que o seu cliente não aceita a acusação de homicídio qualificado formulada pela Polícia Judiciária. 'Ele reconhece os factos, mas diz que a arma se disparou acidentalmente, no escuro', durante uma confusão com a vítima, adianta.
O advogado francês refere ainda que encontrou Marc Lastavel 'muito cansado e confuso'.
MINISTRA ELOGIA COOPERAÇÃO ENTRE POLÍCIAS
A responsável pelo Ministério do Interior francês, Michèle Alliot-Marie, congratulou-se com a rápida detenção de Marc Lavastel, apontado pela Polícia Judiciária como o autor da morte do presidente d’ Os Mosqueteiros em Portugal. Em comunicado, a ministra salientou 'a velocidade de transmissão do mandado de detenção europeu' emitido pelo Ministério Público de Leiria, 'e a urgente difusão deste aviso, o que permitiu a uma patrulha de segurança pública de Pau [Sul de França] identificar o visado e proceder à sua detenção', quatro dias após o crime. Para Michèle Alliot-Marie, este foi mais um exemplo da boa cooperação internacional, que 'ilustra a bem estruturada abordagem europeia na luta contra todas as formas de insegurança'.
EMOÇÃO NO CEMITÉRIO
Os familiares de António Figueira deslocaram-se ontem à tarde ao cemitério de Fátima, para visitar o jazigo onde está sepultado o corpo do empresário. Rodeado de dezenas de coroas de flores oferecidas por colaboradores e amigos, o túmulo tem sido procurado por inúmeras pessoas nos últimos dias, que tentam dessa forma prestar uma última homenagem ao empresário assassinado de forma bárbara. António Figueira era muito estimado no concelho de Ourém, pela actividade filantrópica que sempre adoptou. Além de participar frequentemente nas actividades comunitárias, ajudava as associações.
PORMENORES
MEDALHA
António Figueira deverá ser distinguido com a medalha de mérito municipal, a título póstumo, por proposta do presidente da Câmara de Ourém, David Catarino.
PAU
Marc Lastavel foi detido na cidade de Pau, na região basca francesa, onde conheceu António Figueira. Trabalharam juntos 15 anos, numa loja do Intermarché, antes de virem para Portugal.
FUGA
O homicida do empresário português justificou a sua fuga para França como forma de tentar ser julgado pelas autoridades judiciárias do seu país.