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Custo da nova basílica sobe para 60 milhões de euros

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O custo final da nova basílica deverá atingir os 60 milhões de euros. Ou seja, mais 20 milhões do que o inicialmente previsto. O reitor do santuário escusa-se a falar de derrapagem e justifica a subida dos gastos com as sucessivas actualizações do preço dos materiais. A obra, a inaugurar em Outubro, será paga a pronto com verbas próprias do santuário, grande parte proveniente das esmolas dos peregrinos.
A construção da nova basílica irá custar mais 20 milhões de euros do que o valor inicialmente previsto (40 milhões de euros). Este aumento de cerca de 50 por cento resulta de um rectificação de preços apresentada pelo empreiteiro no início da obra, de 40 para 46.5 milhões, de omissões” de projectos, de trabalhos a mais e, sobretudo, da actualização de preços. Factores que farão com que o custo final da obra atinja os 60 milhões.
“Aceitámos, desde logo, a diferença de 40 para 46.5 milhões de euros”, explicou o reitor do santuário, durante uma visita de jornalistas às obras da nova basílica, realizada terça-feira. Luciano Guerra recusou-se a falar de derrapagem e justificou a subida dos custos coma a actualização de preços. “Cada actualização mensal implica dezenas de milhares de euros. Em três anos de obra, isso representa muitas centenas de milhares de euros”, frisa, adiantando que a obra é “paga a pronto”, “dois meses após a emissão das facturas”.
Na ocasião, o responsável anunciou que a missa principal da peregrinação de Outubro será celebrada na nova Igreja da Santíssima Trindade, sendo colocados ecrãs no exterior do templo para que os peregrinos possam assistir à eucaristia. E assegurou que a nova basílica deverá ficar aberta ao público, após a inauguração, mesmo sem a construção do túnel na Avenida D. José Alves Correia da Silva. “Estamos a estudar soluções para a criação de uma passagem provisória entre o recinto e a zona do Centro Pastoral Paulo VI”, adianta Luciano Guerra.
Painel de Siza Vieira
A basílica contará com um painel, com cerca de 150 metros de cumprimento e cinco de largura, da autoria do pintor Siza Vieira, representando a vida dos apóstolos Pedro e Paulo. Com capacidade para nove mil lugares sentados, a igreja terá três capelas e 44 confessionários.
No altar da nave principal será colocada uma pedra retirada do túmulo de S. Pedro, em Roma, oferecida pelo Vaticano, uma imagem de Nossa Senhora e um crucifixo com 7.5 metros de altura, com uma imagem de Cristo que “não é sofredora, mais ligada ao Cristo da iconografia bizantina”, explica o reitor do santuário. O fundo do altar contará com um painel em mosaico, coberto com folha dourada e que terá uma faixa negra, representando o inferno. “A faixa não será muito grande, pois queremos ser misericordiosos”, gracejou Luciano Guerra.
A entrada principal da basílica será ladeada por 12 portas, cada uma com um nome dos apóstolos e com uma frase bíblica. A envolvente exterior do templo levará cerca de 22 mil metros quadrados de calçada, a maioria proveniente de Alqueidão da Serra (Porto de Mós) e as estátuas de D. José Alves Correia da Silva e de Paulo VI, que já existiam, e de João Paulo II (nova).
No piso -1 ficarão quatro centrais técnicas que irão “controlar e tratar” a qualidade do ar que circulará no templo, através de condutas com dimensão suficiente para um automóvel, explicou António Carvalho, director-técnico da obra, a cargo da Somague.

Outro olhar do Vaticano sobre Fátima
Foi a 13 de Maio de 1917 que Nossa Senhora terá aparecido pela primeira vez aos pastorinhos na Cova da Iria. A data é assinalada na peregrinação do próximo fim--de-semana, num momento de viragem para Fátima, depois da morte da irmã Lúcia e de João Paulo II - duas personalidades que marcaram a história do santuário -, sem a canonização de Francisco e de Jacinta e sem a presença de Bento XVI.
A deslocação do Papa a Fátima, para presidir a esta peregrinação ou para inaugurar a nova basílica, a 13 de Outubro, era desejada por responsáveis do santuário e da diocese de Leiria-Fátima, mas o santo padre recusou o convite, alegando motivos de agenda. Durante o actual pontificado foram também alterados os estatutos do santuário, cuja gestão é agora partilhada por um conselho nacional, constituído pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, pelo bispo de Leiria-Fátima e pelos arcebispos de Braga, Évora e Lisboa.
“Como grande teólogo e pensador que é, Bento XVI dará menos importância aos santuários marianos, receando, de alguma forma, que esses lugares possam descambar numa fé que não seja tão pura”, afirma Joaquim Carreira das Neves. O teólogo, natural de Leiria, justifica assim a mudança de atitude de Bento XVI face a Fátima, comparando com o seu antecessor, frisando ainda que João Paulo II “tinha uma fé muito própria e, embora fosse, um grande intelectual, era um homem de sentimento e de emoção”, enquanto Bento XVI “é mais pensamento e razão”.
Padre e professor de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Anselmo Borges diz que “é preciso não esquecer que João Paulo II era polaco, vindo de um catolicismo profundamente influenciado pela devoção a Nossa Senhora”. Na Alemanha, onde nasceu Bento XVI, “a figura de Nossa Senhora fica mais esbatida”, devido ao diálogo entre católicos e protestantes.
Anselmo Borges sublinha também que, como teólogo, Bento XVI tem uma atitude “mais exigente em relação às chamadas revelações particulares”. Ora, “as aparições de Fátima pertencem ao que teologicamente se chama uma revelação particular, de tal modo que se pode ser católico e não acreditar nelas”, explica.
Cova da Iria, território conquistado
Carreira das Neves frisa ainda a ligação pessoal de João Paulo II a Fátima, sobretudo, depois do atentado de que foi vítima em 1981, na Praça de S. Pedro, em Roma. “Antes desse acontecimento, João Paulo II não ligava nada a Fátima. Mas depois do atentado, tornou-se profundamente devoto de Nossa Senhora, porque viu na Virgem a mão protectora que o salvou da bala”, concretiza o sacerdote. “João Paulo II entendia que Fátima tinha a ver com a sua vida. Tinha uma relação pessoal como a Cova da Iria, que Bento XVI não tem”, acrescenta Manuel Vilas-Boas, jornalista da TSF, especialista em assuntos religiosos.
Apesar de reconhecer que o actual Papa está “mais distanciado de Fátima”, o jornalista considera que “não se pode dizer que Bento XVI não gosta de Fátima”, realçando o grande conhecimento do santo padre sobre as mensagem. E conta que, uma das melhores homílias de Bento XVI foi proferida na Cova da Iria, em 1996, na qualidade de prefeito da Congregação da Doutrina da Fé. “Veio preparar os peregrinos para a relevação da terceira parte do segredo, assegurando que não falava de nenhum cataclismo”, recorda.
“João Paulo II era um pároco à medida do mundo; Bento XVI é um teólogo à medida do mundo, preocupado com a doutrina e mais distanciado da religiosidade popular”, afirma Manuel Vilas--Boas, desvalorizando a ausência do Papa das comemorações dos 90 anos das aparições. “O Vaticano tem outras prioridades. Fátima é um território onde a fé católica está bem enraizada. É um território já conquistado, um fenómeno que se multiplicou por ele próprio”, conclui.
D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, alegou razões de agenda para não responder às questões enviadas pelo JORNAL DE LEIRIA sobre assunto, por estar a preparar o congresso internacional sobre a Santíssima Trindade, que ontem começou no Centro Pastoral Paulo VI. Em Abril, numa conferência de imprensa, o prelado afirmou “não pensar que Fátima tenha perdido na relação ou significado universal com a mudança de Papado”. E salientou que o actual Papa, como cardeal Ratzinger, escreveu “o melhor comentário teológico” sobre as aparições, constituindo a base teórica para a posição actual da Igreja sobre Fátima.

Bento XVI envia mensagem aos peregrinos
Em carta enviada ao cardeal Ângelo Sodano, legado do Papa para a peregrinação de 13 Maio, Bento XVI pede ao seu representante para propor “novamente” aos peregrinos “o valor da oração” do rosário. Na missiva, divulgada sábado num boletim informativo da sala de imprensa da Santa Sé, o Papa recorda as aparições de Nossa Senhora, a primeira visita de João Paulo II a Fátima, em 1982, e a sua deslocação à Cova da Iria, em 1996, na qualidade de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Bento XVI pede ainda ao cardeal Sodano para apresentar saudações aos peregrinos e manifestar-lhes a sua “peculiar benevolência e presença em espírito”.

O revelador do segredo
A peregrinação comemorativa dos 90 anos da primeira aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria será presidida pelo cardeal Ângelo Sodano que, em Maio de 2000, acompanhou João Paulo II na visita a Fátima. No final da eucaristia do dia 13, o cardeal leu um documento com a interpretação do texto da terceira parte do segredo retirado da Quarta Memória da Irmã Lúcia. “Segundo a interpretação dos pastorinhos (...), o bispo vestido de branco que reza pelos fiéis é o Papa”, leu Ângelo Sodando, adiantando que “depois do atentado de 13 de Maio de 1981, pareceu claramente a Sua Santidade [João Paulo II] que foi uma mão materna [Nossa Senhora] a guiar a trajectória da bala, permitindo que o Papa agonizante se detivesse no limiar da morte”.


“Há um preconceito em relação ao fenómeno religioso”
Transformar boa parte do “excursionismo religioso em verdadeiro turismo religioso ou em outras formas de turismo (cultural, termal ou balnear) é a 'fórmula mágica' que a região precisa de encontrar para retirar o devido proveito de Fátima. Quem o diz é Graça Poças Santos, professora na Escola Superior de Educação de Leiria, que tem feito investigação sobre o fenómeno turístico da Cova da Iria.
A docente considera que a não inclusão do turismo religioso entre os dez produtos seleccionados para integrar o Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT), recentemente publicado em Diário da República, prejudica bastante a região, porque “quem ficou fora desse plano terá mais dificuldades em se impor e em obter apoios financeiros necessários aos investimentos privado e público”. Por outro lado, “ao negligenciar Fátima, o PENT vai negligenciar outros pontos turísticos da região que lhe estão umbilicalmente ligados”.
Graça Poças Santos, que está a fazer um estudo sobre o perfil do visitante de Fátima, cujas conclusões serão divulgadas em Outubro, lamenta a omissão do turismo religioso do PENT “sem qualquer fundamentação técnica ou científica”. Na sua opinião, tal acontece porque “há um preconceito em relação ao fenómeno religioso enquanto forte impulsionador de turismo”. Isto apesar de, segundo dados da cooperativa de turismo religioso e cultural Turel, sedeada no Norte do País, divulgados na semana passada pelo Correio da Manhã, o património religioso gerar anualmente um movimento superior a 500 milhões de euros.
“Os santuários portugueses registam 40 a 50 milhões de visitas por ano”, estima Abílio Vilaça, responsável da Turel, citado por aquele diário, adiantando que “bem mais de 300 mil estrangeiros entram, por ano, em Portugal, de avião, apenas por motivação religiosa”.

Curtas
69 por cento acredita nas aparições
Quase sete em cada dez portugueses (69 por cento) acreditam na aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos, revela uma sondagem publicada, sábado, pelo jornal SOL. Quarente e um por cento dos inquiridos confessaram que esteve no santuário a cumprir promessas, enquanto, 16 por cento já foram a Fátima a pé. Mais de metade (52.1 por cento) das pessoas consultadas na sondagem concorda com a construção da nova basílica.

Santuário ajuda crianças
As 30 crianças e jovens em risco acolhidas na Casa de S. Miguel das Missionárias Claretianas, em Fátima, regressaram sábado ao lar, depois das obras de remodelação do edifício, que decorreram nos últimos nove meses. A intervenção custou cerca de 400 mil euros, sendo suportada na totalidade pelo Santuário de Fátima. Na terça-feira, o reitor convidou os jornalistas a visitar as instalações, para mostrar o apoio da instituição aos mais desfavorecidos.

Esperados 500 mil peregrinos
A operação de segurança em torno da peregrinação do próximo fim-de-semana vai envolver cerca de 500 elementos da GNR. O dado foi avançado, ontem, em conferência de imprensa pelo comandante do Grupo Territorial de Santarém da GNR. Citado pela Agência Lusa, Vítor Lucas adiantou que são esperados cerca de 500 mil peregrinos. Ao nível da protecção civil, estão mobilizados 126 bombeiros, apoiados por 28 elementos da Cruz Vermelha, 20 do Corpo Nacional de Escutas e quatro do INEM. n

Números de Fátima
60 milhões de euros – custo final da nova basílica
17.2 milhões de euros – receitas do santuário em 2005 (devido aos gastos nas obras da basílica a instituição deu prejuízo, o que aconteceu pela primeira vez desde 2000, quando as contas começaram a ser divulgadas)
7.2 milhões - participantes nas celebrações realizadas no santuário em 2006
190 mil – peregrinos que se confessaram em Fátima em 2006
220 – média de trabalhadores envolvida diariamente nas construção das nova basílica
190 – funcionários do santuário
Fontes: Santuário de Fátima e SOL

Maria Anabela Silva
anabelasilvajl@gmail.com
Edição de 10 de Maio de 2007
JORNAL DE LEIRIA

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