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henrique

  • Três 'Portugais'

    Em Agosto, Portugal é invadido pelos emigrantes que regressam à pátria montados nas suas fanfarronas bombas de matrícula amarela. Sobre isto tenho uma confissão a fazer: esta invasão sempre me incomodou. E não estou sozinho neste incómodo. Muitos portugueses de cá sentem desconforto com a chegada dos portugueses de lá. O mês de Agosto não é assim tão querido. Aquele Portugal do garrafão e do Graciano Saga incomoda-nos. Há dias, o transtorno era tanto que até comecei a pensar nisto: "mas porque raio me irrito com os 'emigras'?". Antes de responder à pergunta, tenho outra confissão a fazer: devo um pedido de desculpas aos emigrantes. O incómodo que sinto diz mais sobre nós - os portugueses daqui - do que sobre os emigrantes - os portugueses de lá.

    Nós rejeitamos os emigrantes porque eles nos fazem lembrar aquilo que queríamos esquecer: o atraso histórico de Portugal. Os modos 'rurais' do emigrante recordam-nos que as marcas da modernidade só chegaram a Portugal na geração dos meus pais. Na Europa rica, o êxodo rural deu-se no século XIX; em Portugal, a fuga para as cidades só ocorreu nos anos 60 e 70. Foi nessa época que os alentejanos, por exemplo, colonizaram a margem sul e os subúrbios orientais de Lisboa (uma epopeia que ainda está por contar). Nas Inglaterras e nas Holandas, a escolarização da população iniciou-se no século XIX. Em Portugal, a geração dos meus avós ainda era analfabeta. A geração dos meus pais foi a primeira geração de portugueses a ir à escola, para completar apenas a quarta classe. Agora, a minha geração tem mestrados e doutoramentos. Portanto, temos aqui três gerações que representam três 'Portugais' distintos. Três 'Portugais' que nem sempre se respeitam.

    A história dos três 'Portugais' revela que a sociedade portuguesa deu um salto notável: netos de analfabetos alcançaram o topo. Isto mostra que os últimos 50 anos de Portugal têm qualquer coisa de sonho americano. Mas, por outro lado, este salto revela que a nossa sofisticação recém-adquirida tem pés de barro. É por isso que os 'emigras' nos incomodam. Ano após ano, eles ressuscitam o Portugal de 1979. Nos subúrbios de Paris, eles congelaram os 'Portugais' do antigamente, e, em Agosto, trazem esses 'Portugais' nas geleiras, entre minis e bifanas. É este teleporte geracional que nos incomoda. A cada Agosto, o 'Portugal' mais recente, o da sofisticação académica e cultural, é forçado a reconhecer a existência dos outros 'Portugais'. E isso dói. A presença dos emigrantes mostra que a nossa sofisticação europeia é um recentíssimo enxerto de pele que ainda não pegou bem. Afinal, 1979 foi ontem.

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    Este e o artigo que um jornalista daqueles que fez estudos e tem uma carteira profissional escreveu no jornal Expresso do dia 18 de Agosto 2009. Artigo que continua a dar que falar sobretudo a nos emigrantes que nos sentimos muito ofendidos com o que escreve este tipo , verdade que ele escreve de um assunto que não conhece  .

    Reconheço neste artigo a inveja que o tipo tem contra aqueles que no estrangeiro não tiveram acesso a mesma escolaridade que ele , mas que tem carros e casas a custa do seu trabalho e isso muitos daqueles que se consideram mais sabidos em Portugal tem muitas dificuldades a aceitar .

    Quanto as matriculas  amarelas aqui em Franca já não estão nas maquinas que ele descreve no artigo , visto que já a mais de dois anos todos os novos carros tem matriculas idênticas as dos carros em Portugal .

    Quanto a musica do Graciano Saga que se goste ou não goste merece respeito , em Portugal eles tem o Tony Carreira que e um puro produto da emigração .

    Mais um recado para o autor deste artigo , se procurasses informações sobre o que escreves ficavas a saber que uma grande parte dos filhos dos emigrantes da tua geração , também tem diplomas e mestrados e diria que a percentagem e idêntica aos residentes em Portugal , por isso rapazinho para a próxima informa-te melhor antes de escreveres ( conneries )

     

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