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Bruxaria acaba em tragédia

Vidente: “Ela tinha um dom especial”, diz companheiro da vítima

bruxaria.jpg"Ela tinha um dom especial. Fazia alguns trabalhos deste tipo para ajudar as pessoas e lá ia ganhando algum dinheiro para apoiar a família. Mas quando saiu de casa tive um mau pressentimento e disse-lhe: ‘Ó mulher, não vás, mas nada adiantou." O desabafo, com lágrimas nos olhos, é de Salvador Correia, que há 15 anos vivia com Teresa.

Anteontem à noite, a mulher de 43 anos, residente em Arada, Ovar, foi traída por uma onda na praia do Furadouro. Estava com três amigas, a fazer mais um "trabalho" para libertar "maus-olhados", que nada puderam fazer para a socorrer. O seu cadáver foi resgatado pelas autoridades já durante a manhã.

Aos 43 anos, Teresa Fagundes, natural do Funchal, deixa órfãs três crianças, de 6, 10 e 12 anos. O companheiro está desempregado.

O que Teresa ganhava com as artes de bruxaria era o sustento da família. "Ela vai-me fazer muita falta e às crianças também. Não sei que vai ser da minha vida", continuou Salvador Correia, ainda na noite em que a esposa desaparecera no mar. A esperança de a resgatar com vida era nula.

Nas imediações da casa de Teresa, o ambiente era ontem de tristeza e consternação. A vizinhança conhecia bem a mulher e o seu dom. "Ela não se dava mal com ninguém. Não era pessoa de arranjar confusão", garantem os vizinhos.

FUNERAL AMANHÃ

Salvador Correia disse ao CM que a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Ovar foi ainda anteontem à sua habitação para tomar conta da situação. "Vão resolver o problema dos miúdos. E prometeram-me que iam tentar que os três ficassem na mesma instituição", continuou, sem esconder que a situação agora fica mais problemática. Desempregado e com 59 anos, trabalhou muitos anos no sector da construção civil, mas há 10 meses que não tem qualquer emprego.

Mesmo assim, Salvador Correia ainda teima em recusar a morte da companheira. "Não quero acreditar que isto me aconteceu e não a tenho mais de volta. Nem eu nem as meninas. Que tristeza!"

O funeral de Teresa Fagundes realizar-se-á amanhã à tarde na freguesia de Arada, em Ovar.

PESCADOR ENCONTRA CADÁVER E CORRE PARA A PRAIA A PEDIR AUXÍLIO

Valdemar Silva é pescador há 34 anos, reside junto à praia de Cortegaça, em Esmoriz, e ontem, de manhã, encontrou o corpo de Teresa Fagundes. "Vinha pescar, como faço habitualmente, e vi um corpo a ser movimentado pelas ondas contra as rochas. Aproximei-me e vi que era um cadáver muito inchado. Desatei a correr para pedir auxílio porque comecei a sentir-me mal do coração. Não queria acreditar", contou ao CM, lembrando que a situação, para si, não é nova.

"Já é a segunda vez que encontro um corpo a sair do mar, mas desta vez emocionei-me muito. Não estava à espera disto", concluiu Valdemar Silva.

Correio da manha

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