O prejuízo indicado de 97 mil euros das festas do Bodo será suportado integralmente pela Pombal Viva, empresa organizadora. A Câmara recua no que tinha deliberado. Uma decisão defendida pelo PS.
Ao contrário do deliberado anteriormente, a Câmara Municipal de Pombal já não vai suportar o prejuízo referente à realização das festas do Bodo, tal como defendido pelo Partido Socialista (PS), na última Assembleia Municipal.
Na última reunião do executivo, realizada na sexta-feira, 3 de Outubro de 2008, e em resposta a um pedido de esclarecimento apresentado pelo vereador Sérgio Leal, face a “algum ruído” ocorrido na Assembleia Municipal, o presidente da Câmara, que também preside ao Conselho de Administração da Pombal Viva – empresa municipal que este ano teve sob sua alçada a organização exclusiva do Bodo – informou que os cerca de 97 mil euros, indicados como prejuízo, serão suportados integralmente pela empresa municipal. Isto, face às dúvidas levantadas sobre a legalidade do Município estar a atribuir um subsídio a uma empresa municipal.
Narciso Mota deu a conhecer que será a Pombal Viva a assumir a totalidade do défice inerente com as festas do Bodo, adiantando já que “obviamente este ano vai encerrar o ano com prejuízo”. O autarca disse que, como a empresa não tem disponibilidade financeira, poderá vir a recorrer à banca, contraindo um empréstimo, para cumprir com os compromissos assumidos perante os fornecedores.
Por outro lado, “já que existe facturação da Pombal Viva à Câmara Municipal, esta irá liquidar todo o seu débito”, disse.
Para Sérgio Leal trata-se de uma “decisão certa e ajustada”, tendo referido que “é importante as pessoas assimilarem que para os pombalenses, e para o erário municipal, as festas do Bodo custaram zero”.
Narciso Mota aproveitou a ocasião para lamentar que “haja alguém que ponha em causa as contas da Pombal Viva, que até são certificadas”.
Isto, uma semana depois de, na Assembleia Municipal, as festas do Bodo terem sido alvo de abordagem por parte do socialista Fernando Carolino, que começou por considerar que as mesmas “foram um fracasso organizativo” assim como “uma experiência que correu mal, que teve resultados negativos”.
Na ocasião, Fernando Carolino disse que o PS “é contra a atribuição de qualquer subsídio à Pombal Viva por parte do Município”. Para o autarca, se a organização do Bodo foi entregue à Pombal Viva, “os prejuízos têm de ser assumidos pela empresa municipal” até porque “a comparticipação dos pombalenses foi já feita com o pagamento das entradas (173 mil euros) o que não aconteceu em anos anteriores”.
Ainda, segundo Fernando Carolino, se a Câmara pagar os 97 mil euros “a contribuição global passa a ser de 270 mil euros, mais as outras despesas que a Câmara já assumiu ou vai assumir”, tendo acrescentado ainda que toda a promoção das festas “esteve centrada nos espectáculos” pelo que “o fracasso foi de tal ordem que a receita das entradas nos espectáculos (155 mil euros) não permitiu sequer o pagamento dos espectáculos (279 mil euros) nem sequer os artistas (202 mil euros)”.
Para o socialista, as contas do Bodo “são um mero exercício de contabilidade criativa”, sendo “apenas uma parte das contas”. “Para diminuir o défice não foram contabilizados os custos do espectáculo Noddy (prejuízos superiores a 19 mil euros)”, disse Fernando Carolino, referindo também que “não foi contabilizada a manutenção do relvado (para além dos prejuízos sobre a actividade desportiva do Sporting de Pombal)”, nem a intervenção no Arnado, organização da Meia-Maratona assim como o encargo com a limpeza.
Fernando Carolino também considera que “foi um fiasco” a “desproporcionada campanha de marketing” até porque “não atraiu a Pombal o número de visitantes suficientes para viabilizar as festas”.
Mais, Carolino adianta que “a promoção não foi tanto às festas e ao concelho, mas sobretudo a uma empresa municipal e ao respectivo administrador” e que “o custo em publicidade (122 mil euros) é idêntico à totalidade da comparticipação da Câmara para pagar a organização das festas em anos anteriores”.
Para Fernando Carolino, “foram os pombalenses que pagaram esta campanha de marketing falhada”. “Mas não foram todos os pombalenses e visitantes. É que houve alguns privilegiados que não pagaram (só convites e livres trânsito foram mais de 11 mil)”, disse.
O autarca aproveitou para apresentar o modelo que o PS defende para as festas do Bodo”. Para já, “já que as festas do Bodo são do povo, o acesso deve ser livre”, disse, acrescentando que “apenas os espectáculos poderiam ser pagos”. “Há actividades nas festas que devem ser pagas apenas por quem delas usufrui”, considera.
Segundo Fernando Carolino, “o PS não concorda com a criação de portagens na cidade durante as festas do Bodo” e por outro lado estas “devem mobilizar o executivo municipal e os vereadores dos pelouros envolvidos”.